sexta-feira, 19 de setembro de 2008

QUEIMADA


Uma ilha do Caribe na metade do século XIX. A natureza fez um paraíso aqui; o homem o transformou em inferno. Escravos de vastas plantações de açúcar dos portugueses estão prontos para transformar sua miséria em revolta – e os britânicos estão prontos para despejar a última gota d’água. Eles enviam o agente William Walker (Marlon Brando) em uma missão tripla e desonesta: convencer os escravos a se rebelarem, tomar o comércio de açúcar para a Inglaterra... e restabelecer o regime de escravidão. Os temas do colonialismo e da insurreição são explorados no épico, QUEIMADA! Tem o brilho de um diretor genial. A genialidade também é evidente na interpretação complexa e inteligente que Marlon Brando faz de um homem que é, ao mesmo tempo, um cavalheiro e um patife, revolucionário e colonialista.
O filme desnuda a estratégia da dominação inglesa no século 19, apresentando elementos que iluminam uma reflexão acerca da dominação, em qualquer País em qualquer tempo e, talvez por isso este filme de 1969 tenha sido proibido pelo Regime Militar.
Uma obra prima do diretor italiano Gillo Pontecorvo!!!

Filme Escolhido

O filme escolhido para a "sessão vale a pena ver de novo" foi "Queimada". Estavam concorrendo, além deste, os filmes "Eles não usam Black Tie" e "Os Panteras Negras"

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Comentários sobre "Uma Onda no Ar"


Uma onda no ar
Brasil 2002. Direção: Helvécio Ratton, produção: Simone Magalhães Matos, argumento e roteiro: Jorge Durán e Helvécio Ratton.
por Alessandro Piolli
Uma onda no ar é a história da criação e do desenvolvimento da Rádio Favela de Belo Horizonte - "a voz livre do morro", como a chamavam seus idealizadores. A rádio pirata entrava no ar todos os dias no horário do programa estatal A Voz do Brasil. A tática e o amplo alcance dos transmissores da rádio, que mandavam suas ondas bem além da favela, incomodavam as autoridades. Jorge, um dos idealizadores da Rádio, que é negro e morador da favela, acaba sendo perseguido e preso pela polícia. Atrás das grades, é questionado por outro detento sobre como foi criação da Rádio... Começa uma história de luta, resistência cultural e política contra o racismo e a exclusão social, em que a população da favela encontra uma importante arma: a comunicação.
As músicas escolhidas para o filme mostram uma atenção especial da rádio em valorizar a diversidade da cultura afro na América e sua força como mecanismo de protesto. Quem assiste o filme pode apreciar desde o rap nacional dos Racionais MCs, passando pelo break, o samba, o blues, o funk, a música da gente dos morros, até o berimbau da capoeira. As descontinuidades temporais de algumas cenas são marcadas por músicas que também tem o papel de estabelecer conexão entre diferentes universos tratados no filme: a política, a polícia, a favela, a escola, a rádio e o crime.
A Rádio desempenha outros importantes papéis como, por exemplo, o de promover a comunicação dentro e fora da favela. As vozes de protesto aparecem de maneira bem direta, pedindo mais verbas para geração de empregos, melhorias nas escolas e menos dinheiro para armar a polícia. Essa programação, "afinada" com a população excluída, aparece nas falas dos locutores como expressão do descontentamento sobre a condição da população pobre. A utilização desse meio de comunicação para se promover mudanças positivas rendeu um prêmio das Nações Unidas à Rádio Favela, pelo seu papel educativo e de prevenção ao uso e tráfico de drogas.O racismo é mostrado em diferentes espaços. Um dos episódios mais marcantes de discriminação racial acontece na escola. Jorge tinha uma bolsa para estudar num colégio da elite de Belo Horizonte, pois sua mãe era a faxineira da escola. Durante a apresentação de um seminário sobre a libertação dos escravos, os alunos afirmam que a Lei Áurea teria resolvido de forma definitiva a questão do negro na história do país. Ele discorda, dizendo que Lei Áurea não representou efetivamente a liberdade para o negro, questionando a situação dos descendentes dos escravos no atual contexto.
O desenrolar desse episódio, ao mesmo tempo em que despertou raiva, estimulou o rapaz a refletir sobre sua luta. O racismo, mascarado pela idéia de que no Brasil não existe discriminação racial e a condição de exclusão social, da qual ainda partilha boa parte da população negra, foram alguns dos principais motivos que estimularam a iniciativa da criação da rádio.

(...)


UMA ONDA NO AR


Jorge, Brau, Roque e Zequiel são quatro jovens amigos que vivem em uma favela de Belo Horizonte e sonham em criar uma rádio que seja a voz do local onde vivem. Eles conseguem transformar seu sonho em realidade ao criar a Rádio Favela, que logo conquista os moradores locais por dar voz aos excluídos, mesmo operando na ilegalidade.
O sucesso da rádio comunitária repercute fora da favela, trazendo também inimigos para o grupo, que acaba enfrentando a repressão policial para a extinção da rádio.